quarta-feira, 5 de agosto de 2020

#39 APARELHO DESTINADO A TRANSMISSÃO FONÉTICA À DISTÂNCIA COM FIO OU SEM FIO, ATRAVÉS DO ESPAÇO DA TERRA OU DE ELEMENTO AQUOSO

3279 APARELHO DESTINADO A TRANSMISSÃO FONÉTICA À DISTÂNCIA COM FIO OU SEM FIO, ATRAVÉS DO ESPAÇO DA TERRA OU DE ELEMENTO AQUOSO
Destaque: Produto pioneiro do rádio testado em São Paulo

Inventor: Landell de Moura (RS)


Na construção do seu transmissor de ondas, o pioneiro Landell de Moura se serviu de mecanismos como a pilha, o arco voltáico, a campainha, o eletroimã e o manipulador do telégrafo Morse, entre outros. Mas, acima de tudo, foram as descobertas do alemão Heinrinch Hertz, sobre ondas eletromagnéticas, que permitiram a Landell de Moura executar a invenção. Enquanto Marconi trabalhou com a radiotelegrafia (transmissão de sinais de código morse sem fio), Landell experimentou a radiofonia (transmissão de sinais de voz), unindo transmissores de ondas luminosas e eletromagnéticas. Apresentado publicamente em 6 de junho de 1900, do alto de Sant’Ana em São Paulo (atual Av. Paulista), o transmissor de ondas criado pelo padre, capaz de transmitir a voz humana, cobria a distância de oito quilômetros em linha reta (o aparelho exigia visada direta), mais do que o dobro da distância alcançada pelo invento de Marconi (em 1895, em Pontequio, próximo a Bologna, com a transmissão somente de telegrafia utilizando o Código Morse e não fonia), e trazia em seu sistema duas novidades: o microfone eletro-mecânico e o auto-falante-telegráfico, que não constavam do sistema italiano. A exibição foi presenciada pelo Cônsul Britânico em São Paulo, Sr. C. P. Lupton, autoridades brasileiras, povo e vários capitalistas paulistanos e noticiada no "Jornal do Comércio" de São Paulo, de 10 de junho de 1900. Consciente de que suas invenções tinham real valor, o padre Landell partiu com destino aos Estados Unidos da América, em julho de 1901, quatro meses depois de concedida sua patente no Brasil, com o intuito de patentear os seus aparelhos e tem sua história publicada em 12 de outubro de 1902 no jornal New York Herald (de onde provém a única foto que temos de Landell de Moura). Obtém três patentes em Washington, Estados Unidos: Transmissor de Ondas - precursor do rádio, em 11 de outubro de 1904, patente US 771917 (patente depositada em fevereiro de 1903); Telefone sem fio e Telégrafo sem fio, em 22 de novembro de 1904, respectivas patentes US 775337 (depositada em outubro de 1901) e US 775846 (depositada em janeiro de 1902). 


Esta patente brasileira descreve o funcionamento do que Landell chamava de tellogostomo e do telauxiophone. O tellogostomo possui um disco de ferro galvanizado, um tubo acústico e bocal, cilindro compulsor e ventoinha em frente de um pequeno fotóforo. As vibraçoes sonoras são misturadas à corrente de ar gerada pela ventoinha e assim reforçadas. O receptor é um aparelho igual ao precedente, com a posição do cilindro compulsor invertida. "Depois de haver posto os dois aparelhos distanciados, bem em frente um do outro, posto em comunicação com a terra os dois fios que partem do cilindo do compulsor e do fotóforo, põe-se em movimento o compulsor e pelo tubo acústico fala-se e ouve-se; notando, porém, que para se ouvir, faz-se preciso, parar o compulsor ou retirá-lo ". O telauxiophone possui construção similar, no entanto prescindindo do óculo de alcance, da bússola, do nivelador, do compulsor, do fotóforo, do tubo acústico, mas com um microfone mais amplo, como também uma bobina de indução maior em um fone especial, para melhor audição. Com este aparelho obtém-se todos os efeitos da telefonia comum, porém, com mais nitidez. Esta patente brasileira, descreve apenas a construção mecânica do aparelho, e ao tratar de sua utilidade cita: Com este aparelho pode-se projetar pelo espaço a voz a distâncias bem regulares. Funciona com sol, chuva, tempo úmido e forte cerração", ou seja, ao que parace trata-se de um megafone aperfeiçoado, que projeta a voz a grandes distâncias. O documento apenas cita como possibilidade que "pode-se ouvir também pelo fone, contanto que ao aparelho se adapte um microfone assaz sensível ou se adote a teoria da radiofonia ou fotofonia, como também telegrafar sem fio, usando do tubo de Branly e do produtor de ondas elétricas" sem mais detalhes, ou seja a patente brasileira não versa sobre a mesma matéria das patentes depositadas nos EUA, tampouco trata do mesmo equipamento utilizado na citada apresentação pública de 1900.

Referências:




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